sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sobre Deus (parte 1)

Minha opinião sobre religiosidade mudou muito ao longo dos anos e continua mudando, meu pais vieram de famílias evangélicas, porém ao se casarem, optaram por seguir outro tipo de crença – a Gnosis, meu pai me disse um dia que ele fez essa opção por que tinha muitas inquietações que a igreja evangélica não respondia (ou que ele não concordava), mas foi algo muito radical, pois os gnósticos diferentemente dos evangélicos, acreditam em reencarnação, elementais, chacras, runas, meditação e todas essas coisas. Eu creio que herdei essas inquietações do meu pai, pois desde pequena me interesso por essas questões.
Até os 10 anos acompanhei a doutrina gnóstica, depois fui com uma vizinha assistir uma missa pela 1ª vez e ela a todo momento me mandava ficar quieta, pois o padre iria fazer uma mágica no altar "transformar água em vinho", então decidi começar a catequese, o que não deu muito certo. Fiquei cerca de 2 ou 3 anos nela, mas fui convidada a me retirar (hauhauhaua) mentira, acho que perdi o interesse depois de discutir 3 vezes com a professora e começar a tumultuar as aulas.
Para começar, eu não fazia reverência para as imagens de Jesus ou dos santos – ela dizia que antes da aula tínhamos que dar “Bom dia pra Jesus”, então todas as crianças faziam uma fila no altar da igreja e uma a uma, com as mãos unidas chegavam em frente daquela imagem de braços abertos e numa reverência falavam “Bom dia Jesus”, eu me neguei pois disse que aquilo era apenas gesso. Outra vez tive uma longa discussão porque não acreditava no pecado original, como assim eu tinha nascido com pecado? Por que uma mulher tinha comido uma maçã proibida, eu era obrigada a reverenciar a alguém que supostamente morreu por mim numa cruz e eu teria que ser batizada para ficar limpa deste erro. Pfffff Mesmo assim fui batizada e crismada, acho que eu ia na onda, minha primeira e única confissão foi uma piada, mas deixa pra lá. 
E a última discussão que me lembro foi quando a professora disse que nós éramos “filhos de Deus” e os animais “criaturas de Deus”, eu e ela discutimos por bastante tempo, por que eu achava que os animais eram nossos irmãos, e não inferiores a nós (isso com 12 anos, hein...heueuheu) ela não conseguia ter um argumento que me convencesse do contrário e essa foi minha última aula.
Dos 13 aos 15 continuei na gnosis, freqüentei as aulas e realmente as explicações eram mais inteligentes no meu ponto de vista. Aos 15 anos , no dia do meu aniversário para ser mais exata, sofri uma perda muito sofrida, todas as perdas devem ser sofridas, mas para mim foi um marco. Quebrei todos os anjos que tinham na minha estante e duvidei da existência de Deus. (algo como adolescente rebelde). Aos 16 fui convertida (ohhhh) para a religião evangélica (foi uma fase negra na minha vida), a parte boa foi que fiz amigos muito legais, mas estava na onda de ser acolhida por algo superior, fazer parte de um grupo especial, era reconfortante saber que podia deixar meus problemas na mão de Deus, pois ele resolveria tudo para mim, eu aceitava tudo, todas as explicações, recitava versículos bíblicos no altar, dava testemunhos, era uma coisa linda de Deus. Isso durou um ano e meio.
Quando comecei novamente a questionar as coisas, eu comecei a acreditar que se existisse justiça divina, então obrigatoriamente existiria reencarnação, foi isso que me tirou da igreja (e também o excesso de fofocas que havia por lá – mas isso foi o de menos). Bom, essa época foi no início da faculdade , acho que uma das melhores épocas da minha vida até agora (tirando a infância), e foi quando comecei a ter aulas de filosofia. Meu professor disse algo muito simples, mas que mudou meu modo de pensar por muito tempo: “Qualquer civilização que surgiu ou que surgirá, inventará seus deuses e inventará crenças, tudo isso para explicar o que não conhecem ou o que não aceitam” -  então ele apontou para o chão e disse – “morreu, o corpo está lá estendido, não existe mais NADA, ACABOU.” – E foi assim que deixei de acreditar em Deus.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011


Talvez eu ainda tenha uma visão romântica do que é "seguir pelo caminho que te faça feliz", muitas vezes não se sabe qual é este caminho e qual a melhor escolha a se fazer. Sinto-me num momento crucial, tipo "efeito borboleta", o qual mudará todo o seu futuro.  Quando não se sabe que caminho seguir, não se pode ajustar as velas, é complicado ficar à deriva... O mais difícil é saber que muitas vezes os caminhos que escolhemos não tem volta, optamos por algo e arcamos com tudo o que aquilo possa proporcionar - felicidade, tristeza, arrependimento... E temos a triste ilusão de que algo poderá escolher por nós, acontecerá alguma coisa que irá lhe despertar os sentidos e orientar em suas decisões, algo ou alguém escolherá por você.  E quando não se acredita em Deus? Seria fácil dizer "deixe nas mãos Dele", mas eu não tenho essa opção, não posso fingir ser uma marionete nas mãos do criador, pelo contrário, todo o peso do que penso e das minhas escolhas caem sobre mim. Não tenho uma bóia salva-vidas. Isso não é um lamento, é apenas uma constatação.  Lembro que me senti assim antes do vestibular, eu recebi o convite de uma amiga, na verdade, fizemos um acordo, se nenhuma das duas passasse no vestibular, iríamos morar em Las Vegas com a irmã dela que já tinha uma vida estável lá, eu já havia até falado com meu pai, estava tudo certo. Mas felizmente (ou infelizmente?) eu passei pra pedagogia e ela pra enfermagem. Hoje penso que foi um daqueles momentos determinantes, em que tudo mudaria. Mas de certa forma, aquele momento não dependeu de decisões e sim de fatos. Não existe "e se", existe o que aconteceu, certas coisas não mudam, não voltam. Como é difícil se sentir responsável pelas nossas escolhas, nossos erros ou acertos. Esse final de ano está sendo tenebroso.